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A MULHER

Ela veio de uma família pobre do sertão nordestino. Seu nome completo era Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo. “Mestiça, cabeça pequena, um pouco mais arredondada, olhos quase negros e suaves na expressão, lábios um pouco grossos, nariz pequeno, faces um pouco salientes, queixo pequeno, pescoço bem proporcionado. Vestia hábito de beata, preto, conservando na cabeça a coberta e tinha aspecto fisionômico e geral de pessoa simples, dócil e boa”, na análise do doutor Manuel Diniz, um dos primeiros médicos a participar do inquérito que mais tarde a colocaria no centro de uma profunda discussão eclesial, na virada do século XIX para o século XX.

 

Embora protagonista de um fenômeno, cujas explicações fugiam à razão humana, como as mulheres de seu tempo, era tida como frágil e, por isso, manuseável, padecendo humilhações constantes não apenas por ter nascido na condição de mulher, mas descendente de ex­escravos e analfabeta, numa época que não estava a favor da manifestação da figura feminina nem na Igreja nem na sociedade.

Entrevista com Daniel Walker


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