top of page

A ESQUECIDA

Em meio ao processo de descredenciar o milagre da hóstia e tirar de cena sua personagem principal, a Beata Maria de Araújo, a Igreja Católica passa a atuar de forma a marginalizá-la, pois a propagação do milagre ia de encontro ao projeto vigente da Igreja que questionava o catolicismo popular e pretendia “reeducar” os fiéis, através do Projeto Romanizador.

 

Na Comissão de Inquérito, enviada por Dom Joaquim, bispo diocesano naquele período, foram feitas análises, no estilo da Inquisição dos períodos medievos. A ré teve que passar por testes que só visavam provar o “embuste”. No decorrer dos inquéritos, a beata foi acusada de embusteira e depois enclausurada em uma das casas de caridade da região.

Em Juazeiro estava proibido falar sobre tais acontecimentos, sob pena de excomunhão. No ano de 1931, o túmulo da beata, na capela do Socorro, foi violado e seus restos mortais nunca mais foram resgatados. Desse modo, o projeto de romanização no povoado de Joazeiro teve em parte algum êxito, pois a figura da beata assim como seus restos mortais parecem perdidos no tempo. Um personagem pode ter sido vencido, mas o outro se fortificou com laços políticos e fez o município se desenvolver. Para o historiador, Daniel Walker, o ícone da cidade é o seu patriarca mas a pedra angular é a beata.

 

 

Entrevista com Daniel Walker


© 2015 Jornalismo na Internet - UFCA / Criado com Wix.com

bottom of page